A inteligência artificial deixou de ser tendência para se tornar realidade operacional em milhares de empresas. Do atendimento ao cliente à análise de dados, da automação de processos à criação de conteúdo, a IA está cada vez mais presente nas decisões corporativas.

Mas, junto com a inovação, vêm os riscos. E a maioria dos empresários ainda não se deu conta de que o uso de IA sem governança jurídica pode gerar grandes prejuízos financeiros, reputacionais e legais.

Neste artigo, você vai entender os principais cuidados jurídicos que sua empresa precisa ter ao adotar soluções de inteligência artificial — seja internamente ou por meio de terceiros.

1. Os principais riscos jurídicos do uso da IA

A IA tem potencial transformador, mas também apresenta armadilhas jurídicas que não podem ser ignoradas:

a) Decisões automatizadas sem transparência:

Sistemas de IA podem tomar decisões que afetam diretamente pessoas (ex: aprovar crédito, selecionar currículos, definir preços). Se não houver critérios claros e possibilidade de revisão humana, sua empresa pode ser responsabilizada.

b) Discriminação algorítmica:

Se os dados de entrada forem enviesados, o resultado também será. Casos de racismo algorítmico, exclusão digital ou desigualdade de gênero já foram denunciados — e geram repercussão jurídica.

c) Vazamento e uso indevido de dados pessoais:

Muitos sistemas de IA coletam, armazenam e analisam grandes volumes de dados — muitos deles pessoais e sensíveis. Sem uma base legal e cláusulas adequadas, a empresa pode violar a LGPD.

d) Responsabilidade civil por erros da IA:

Quem responde se a IA erra? A empresa que criou? Quem usou? Quem contratou? Sem contrato, sem política e sem responsabilidade definida, a resposta pode ser: todos.

2. Boas práticas jurídicas para uso corporativo de IA

a) Tenha uma política interna de uso da IA

Crie um documento que defina:

  • Em quais áreas a IA pode ser utilizada;
  • Quais ferramentas são autorizadas;
  • Como será feito o monitoramento;
  • Quem será responsável pela curadoria humana.

b) Faça avaliação de impacto e risco

Antes de implantar uma IA que afete pessoas (clientes, funcionários, usuários), faça uma avaliação de impacto jurídico e regulatório. Isso ajuda a mitigar riscos e identificar pontos frágeis.

c) Revise contratos com fornecedores de IA

Muitas empresas utilizam ferramentas prontas (SaaS com IA embarcada). Esses contratos devem ser revisados com atenção:

  • A empresa terceirizada cumpre LGPD?
  • Há cláusulas sobre responsabilidade por falhas ou vieses?
  • Os dados tratados são protegidos por contrato?

d) Garanta o compliance com a LGPD

Se a IA tratar dados pessoais:

  • Use apenas o necessário e com base legal definida;
  • Dê transparência ao titular dos dados;
  • Permita que ele revise decisões automatizadas;
  • Mantenha medidas técnicas e administrativas para proteção de dados.

3. Prepare-se para futuras regulações sobre IA

A regulação sobre IA está avançando no mundo inteiro. A União Europeia já aprovou o AI Act, que classifica riscos e impõe obrigações conforme o tipo de uso da tecnologia.

No Brasil, o Projeto de Lei 2.338/2023 sobre inteligência artificial já está em debate. Empresas que se anteciparem sairão na frente.

O futuro exige:

  • Documentação de desenvolvimento e testes;
  • Governança algorítmica;
  • Responsabilidade clara por decisões automatizadas;
  • Auditoria interna e externa dos sistemas de IA.

Conclusão

A IA traz eficiência, inovação e vantagem competitiva. Mas também exige responsabilidade. Empresas que desejam crescer de forma sustentável precisam tratar a inteligência artificial com a mesma seriedade com que tratam suas finanças, sua marca e seus contratos.

Se sua empresa já usa ou pretende usar IA, procure assessoria jurídica especializada. Construa um modelo jurídico que garanta segurança, conformidade e ética no uso da tecnologia.

Publicado em 20/06/2025.

Débora Minuncio Nascimento – OAB/DF 63.069

Advogada empresarial, contratual, societária, LGPD e Compliance

www.deboramnascimento.com.br

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