Se você contrata ou presta serviços de tecnologia, provavelmente já ouviu falar em SLA. Mas será que você sabe o que esse documento realmente representa para o seu negócio?
O SLA (Service Level Agreement), ou Acordo de Nível de Serviço, é um dos instrumentos mais estratégicos dentro de contratos de desenvolvimento de software, hospedagem, suporte técnico, segurança da informação e outras soluções tecnológicas. Ele define compromissos concretos sobre o desempenho do serviço — e cria um elo entre expectativa e entrega.
Neste artigo, você vai entender por que o SLA é indispensável, o que ele deve conter e como usá-lo para proteger sua empresa juridicamente e operacionalmente.
1. O que é um SLA na prática
O SLA é um documento (ou cláusula contratual) que define padrões mínimos de qualidade, desempenho e tempo de resposta para os serviços prestados. Ele tira a subjetividade da relação comercial e transforma promessas em métricas.
Exemplos:
- Garantia de 99,8% de disponibilidade de um sistema por mês;
- Tempo de resposta de até 4 horas para incidentes críticos;
- Suporte em horário comercial com plantões em fins de semana.
Quando essas metas não são cumpridas, o SLA pode prever compensações, multas ou ações corretivas.
2. O que um SLA bem feito deve conter
Um SLA robusto e personalizado deve incluir:
a) Definições técnicas claras
- O que é considerado “sistema fora do ar”;
- O que caracteriza um erro crítico, médio ou leve;
- O que é um incidente, um chamado, uma falha recorrente.
b) Métricas de desempenho (KPIs)
- Nível de disponibilidade (ex: uptime de 99,9%);
- Tempo médio de atendimento (TMA);
- Tempo de resposta e solução por tipo de erro.
c) Escopo de suporte
- Canais de atendimento disponíveis (e-mail, portal, telefone);
- Horários de funcionamento;
- Regras para escalonamento de problemas.
d) Penalidades e consequências
- Multas contratuais por descumprimento do SLA;
- Créditos de serviço (ex: abatimento na fatura);
- Possibilidade de rescisão em caso de reincidência.
3. Por que o SLA é uma blindagem jurídica
Sem SLA, as obrigações do prestador de serviço ficam subjetivas. Isso abre margem para interpretações, expectativas não gerenciadas e litígios.
Com um SLA bem estruturado:
- O cliente sabe o que esperar;
- O fornecedor sabe o que precisa cumprir;
- A empresa tem base legal para cobrar ou se defender.
Em processos judiciais envolvendo tecnologia, a ausência de SLA é um dos fatores que mais enfraquece a posição de quem contrata.
4. Exemplos reais de prejuízos por falta de SLA
- Uma plataforma de e-commerce ficou 5 dias fora do ar durante a Black Friday. O contrato dizia apenas “manter sistema online”. Resultado: ação judicial sem base concreta para indenização.
- Uma fintech sofreu ataque DDoS e o fornecedor de cloud demorou 12h para restabelecer o ambiente. Sem SLA, não houve penalidade. Perda estimada: R$ 140 mil.
5. Como elaborar um SLA eficaz
- Personalize por serviço e criticidade — Um SLA para suporte técnico não pode ser o mesmo para segurança da informação.
- Alinhe com a capacidade operacional do prestador — Não adianta prometer o que não pode ser entregue.
- Integre ao contrato principal — O SLA pode ser uma cláusula ou anexo formalmente vinculado ao contrato de prestação.
- Reveja periodicamente — A tecnologia evolui. O SLA também deve evoluir.
Conclusão
Um SLA não é um luxo. É uma necessidade. Ele organiza a relação contratual, evita conflitos, protege juridicamente e garante performance operacional.
Se você já presta ou contrata serviços de tecnologia e ainda não utiliza SLA nos seus contratos, você está desprotegido.
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Débora Minuncio Nascimento – OAB/DF 63.069
Advogada empresarial, negócios digitais e infoprodutores.
www.deboramnascimento.com.br
Publicado em 15/05/2025